GOVERNANÇA FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DA SOBREVIVÊNCIA DAS EMPRESAS FAMILIARES
- Maria Clara Zochio
- 29 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de mai. de 2023
Grandes empresas que conhecemos hoje, um dia foram uma simples “portinha” proveniente de um arranjo familiar para sustentar a casa.
Quase a totalidade de empresas brasileiras são de pequeno e médio porte, e 90% das empresas do país são empresas familiares; e são responsáveis por 65% do PIB nacional. Ocorre que, infelizmente apenas 12% dessas empresas familiares conseguem sobreviver até a 3ª geração.
A falta de planejamento e desatualização são consequências oriundas da ausência de governança familiar, que culminam no fechamento das empresas familiares.
Isso ocorre porque uma empresa familiar abriga vários institutos distintos e um mesmo ambiente: propriedade familiar, gestão familiar e família. Cada um destes institutos merece atenção para que haja harmonia na empresa.
As necessidades da gestão não são as mesmas da propriedade ou da família, bem como cada dimensão possui direitos, deveres, e demandas individuais. Contudo quando nos deparamos com empresas familiares vemos que estas esferas estão emaranhadas.
Tratar de empresa familiar é algo delicado. Neste ambiente as dores e paixões são latentes e confundem-se com os interesses econômicos da empresa. Por isso a governança familiar é tão importante para o sucesso da empresa.
A empresa não precisa ser grande para possuir governança familiar, até porque uma empresa para se tornar grande precisa de um bom alicerce e estrutura que se dá a partir de uma boa governança familiar.
O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) define governança familiar como “sistema pelo qual a família desenvolve suas relações e atividades empresariais, com base na sua identidade (valores familiares, propósito, princípios e missão) e no estabelecimento de regras, acordos e papéis. A governança familiar acontece, na prática, por meio de estruturas e processos formais. Seu objetivo é obter informações mais seguras e mais qualidade na tomada de decisões, auxiliar na mitigação ou eliminação de conflitos de interesse, superar desafios e propiciar a longevidade dos negócios”.
Destarte, sabendo que a empresa familiar traz consigo valores, princípios e legado inerentes à sua história, tais características devem ser transferidas para documentos formais para que não se percam no tempo e para que norteiem os próximos capítulos desta história.
A escolha da ferramenta de governança familiar dependerá das particularidades da empresa familiar – tamanho da família, tamanho da empresa, maturidade da empresa, etc. Os instrumentos comuns são assembleia familiar, family office, conselho de sócios ou conselho de família.
Importante dizer que todo e qualquer tamanho de empresa comporta, e precisa, de uma governança familiar, principalmente aquelas que querem se consolidar do mercado. A governança pode se dar por instrumentos simples como acordo de sócios.
Questões aparentemente simples, mas que possuem carga sentimental elevada são delineadas e delimitadas nos conselhos familiares (capacitação dos membros da família que atuam na empresa, estrutura societária adequada, hierarquia, gestão, ingresso de herdeiros).
O conselho familiar não é um órgão deliberativo dentro da empresa, como o próprio nome já demonstra, este tem a função de aconselhar à medida que novas demandas surgem.
A governança familiar permite que o legado familiar caminhe através do tempo pois possibilita a sobrevivência da empresa familiar, instituto tão rico e peculiar que move a economia brasileira.
コメント